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Código-fonte que deu início à Microsoft: o legado de Bill Gates

Microsoft

No início de abril de 2025, em seu blog pessoal, Bill Gates publicou algo que para muitos passou quase despercebido — mas que, em retrospectiva, representa um marco para a história da computação: o código-fonte original do programa que viria a se tornar o primeiro produto da Microsoft.


O contexto histórico

Em janeiro de 1975, a capa de uma revista especializada mostrava o microcomputador kit Altair 8800 — um dispositivo para entusiastas de hardware que, até então, representava o vislumbre de uma “computação pessoal”.


Gates e seu amigo de longa data, Paul Allen — então jovens e cheios de ideias — viram ali uma oportunidade: criar software que permitisse ao Altair executar programas escritos na linguagem BASIC, uma linguagem que era considerada fácil de aprender.


O curioso: na época, eles ainda não tinham desenvolvido o software. Mesmo assim, apresentaram-se à empresa fabricante (MITS) com a promessa de entregar um interpretador de BASIC para o Altair.

Durante cerca de dois meses — sem possuir forçosamente o hardware alvo — trabalharam intensivamente para criar o interpretador para o processador Intel 8080, simulando o ambiente num mainframe PDP-10 para emular o Altair.


O código-fonte e o que foi divulgado

O artefato compartilhado é um arquivo PDF de 157 páginas que documenta o código-fonte original do interpretador BASIC para o Altair, escrito em linguagem assembly para o processador Intel 8080.

Gates o descreveu como “o código mais legal que já escrevi” (“the coolest code I’ve ever written”).



Além disso, outro momento relevante: em setembro de 2025, a Microsoft anunciou a abertura oficial do código-fonte do seu interpretador BASIC para o processador MOS 6502 — uma versão de 1978 adaptada para computadores como o Commodore 64 — sob licença open-source.


Por que isso importa?

  1. Fundação de uma gigante

    Aquele código-fonte não era apenas um exercício de programação: foi o primeiro produto comercial da Microsoft (inicialmente chamada “Micro-Soft”) — e, segundo Gates, aquele pedaço de código “levou meio século de inovação”.

  2. Revolução da computação pessoal

    Num momento em que computadores pessoais eram praticamente inexistentes, aquilo oferecia aos entusiastas de hardware e software uma porta de entrada: escrever comandos simples, ver o computador responder. Como Gates e Allen acreditavam, software seria um dos motores da revolução.

  3. Transparência histórica

    A disponibilização desse código oferece aos historiadores da computação, hobistas retrô e curiosos a chance de examinar “ao vivo” um artefato técnico que era até então quase lendário. Ver os comentários em assembly, as estratégias de otimização para hardware limitado — revela muito sobre o jeito pioneiro de se programar em meados dos anos 70.


É fascinante imaginar: com poucos recursos de hardware, sem frameworks, sem IDEs modernas, Gates, Allen e colaboradores entregaram um interpretador em assembly para um computador que até então nem existia em grande escala. A audácia, o espírito experimental e o contexto de “start-up” dos anos 70 fazem deste trecho de código um documento histórico.

Há também uma certa humildade no gesto de Gates: reconhecer que aquilo foi o começo, convidar quem quiser a “ver como era”. Isso humaniza uma figura frequentemente associada apenas a impérios de tecnologia ou filantropia global.


Para quem se interessa por tecnologia, empreendedorismo, ou pela história da computação, o arquivo é uma porta de entrada para entender de onde tudo começou — com linhas e linhas de assembly, e um sonho de “um computador em cada mesa e em cada casa”, como Gates e Allen imaginaram.



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